03 - Fevereiro EUCARISTIA E MACARRONADA
O que tem em comum?
Saudades daqueles tempos áureos em que a família cristã tinham dois compromissos inseparáveis e sagrados por excelência, aos domingos: ir à Missa e comer macarronada com coca-cola na casa da mamãe.
Infelizmente, o que é bom dura pouco e como dizem os “moderninhos”, os tempos são outros e o que era símbolo de união e celebração, caiu em desuso e cedeu lugar a solidão profana.
A fé baseia-se em acreditar na força de Deus e da família, e é por isso que domingo é o dia de celebrar a vitória da semana alimentando a alma com o pão eucarístico e o físico com a macarronada da mamãe ou da vovó....
Domingo, para nós cristãos pascais, é o dia do Senhor, da Eucaristia, da Palavra, do encontro, do descanso e da família, e principalmente, o dia em que o fazer cede espaço para simplesmente existir, simplesmente estar em família.
O Pseudo-humanismo, nos ensina que domingo é o dia propício de consumir, trabalhar, tanto que o jargão do marketing é: “somos aquilo que consumimos”, e o mundo é dos utilitaristas, e gente que vive atrás de Igreja e padre só tende a empobrecer, pois o que se ganha com a fé?
A comunidade eclesial, com suas longas escadarias e portas rústicas, cede espaço e perde cada vez mais o atrativo para os novos templos, as comunidades ‘Shopping Center’, com suas escadas rolantes e portas inteligentes com seus sensores que se abrem para nos acolher e nos desejar boas compras, nos expondo com orgulho a imagem colorida e sensual dos seus deuses guardados nos sacrários de vidros transparentes, prontos para serem adorados, desejados e de repente, uma linda moça, muito bem maquiada, com sorriso sedutor, a ‘olheira’ do templo, nos convida a levar o deus da vitrine ou do “sacrário” para nossa casa, e com um linguajar acessível, ela recolhe o nosso ‘dízimo’ em 06, 12 ou 36 prestações e assim, aquele deus do ‘sacrário-vitrine’ cabe dentro de uma sacola de papel de cor marrom e saímos motivados do templo com o mesmo sorriso que fomos acolhidos pela ‘vendedora-olheira’ e nossa felicitação, o nosso magnificat de engrandecer o Senhor dura até o próximo ‘culto’, ou seja, até surgir outro ‘deus -produto’ mais sofisticado.
Perdemos o sentido da vida, porque perdemos seus aspectos essenciais da amizade, da família, da liturgia. Nos fechamos nas navegações intimistas do meu computador, meu celular, e aí giro no meu egoísmo, na solidão e, o que era uma navegação virtual pode se tornar um trágico naufrágio.
Nosso saudoso beato João Paulo II, em uma de suas cartas apostólicas, nos chamou a atenção para a importância do domingo na vida do cristão, principalmente naquilo que diz respeito à celebração dominical da Sagrada Eucaristia em família.
Muitos pais estão preparando seu testamento, a herança material para seus filhos, e qual a herança espiritual que deixarão para os mesmos?
Disse-me uma amiga que, quando ela morrer deixará como herança para suas duas filhas, aquilo que recebeu de sua mãe: a casa, o jogo de mesa com as quatro cadeiras de verniz, a Eucaristia e a receita da macarronada da bisavó.
A Eclesiologia nos ensina que há uma íntima comunhão entre igreja doméstica e a Igreja instituição. Trocando em miúdos, existe uma íntima comunhão entre a Eucaristia presidida pelo padre da minha paróquia e a macarronada presidida pela mamãe lá em casa.
Pe. Fernando Henrique Guirado- pároco
03/02/2012 |